ERA UMA VEZ O CINEMA


Cinzas e Diamantes (1958)

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País: Polônia, 103 minutos

Título Original: Popiól i diament

Diretor(s): Andrzej Wajda

Gênero(s): Drama, Romance, Guerra

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.9/10 (9512 votos)

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PRÊMIOS star star star star star

Prêmio da Federação Internacional dos Críticos de Cinema

Sinopse: Trata-se de um filme de denúncia, só que não mais contra a violência alemã no conflito. “Cinzas e Diamantes” é uma obra política, mas não no sentido clássico da palavra, uma vez que o cinema de Wadja é profundamente impregnado de humanismo. Para o cineasta, o indivíduo vem antes do coletivo; o drama pessoal é mais importante do que a guerra. Os dois filmes anteriores já deixavam isso evidente, mas Wadja reafirma com convicção esse credo ao mostrar como a força de uma paixão inesperada consegue alterar, em um único dia, o modo de pensar de um homem.

O protagonista de “Cinzas e Diamantes” é Maciek (Zbigniew Cybulski). Jovem integrante da Resistência polonesa, ele é o encarregado de eliminar Szczuka (Waclaw Zastrzezynski), o futuro todo-poderoso do governo comunista na Polônia. Embora jamais seja dito claramente no filme, o objetivo da ação é evidente: impedir, ou pelo menos dificultar, que a União Soviética use o Partido Comunista polonês como marionete para controlar o país.

Mantendo-se fiel à visão de mundo que expôs nos primeiros dois filmes da carreira, Wadja modela Maciek como um jovem impetuoso que cumpre suas missões sangrentas com a eficiência burocrática de um assassino de aluguel. No atentado que abre o filme, ele ataca de maneira letal, mas mata a pessoa errada; por isso, dá um jeito de se hospedar no mesmo hotel que Szczuka, a fim de cumprir a missão. O problema é que, durante uma passadinha no bar do estabelecimento, ele conhece Krystyna (Ewa Krzyzewska) e se apaixona. Isso muda tudo. De repente, o homem que sempre cumpriu ordens sem questioná-las tem um objetivo pessoal, que importa mais do que o desejo dos superiores. Além disso, ele tem medo de morrer.

Toda a galeria de personagens, desde os figurantes com poucas falas até o protagonista, são homens de carne e osso. Eles têm um passado, buscam um futuro e têm preocupações cotidianas. Sim, todos possuem ideais políticos – às vezes diferentes entre si –, mas põem acima deles seus destinos individuais. Um quer conseguir um trabalho melhor, outro deseja voltar à cidade natal, um terceiro arde de paixão. Até mesmo Szczuka, que representa o maior posto comunista na Polônia, tem um objetivo pessoal que põe acima dos camaradas: reencontrar o filho, com quem perdeu contato durante a guerra.

Há um diálogo brilhante, travado entre personagens secundários, que resume a filosofia de Andrzej Wadja. Ele ocorre logo no começo do filme, quando dirigentes comunistas tentam justificar a morte de inocentes no atentado cometido por Maciek. “Todo mundo pode morrer. Hoje, amanhã ou depois. Eu, você ou qualquer um”, diz um integrante do Partido. “Sabemos disso. Mas quem vai dar a notícia à mulher dele?”, responde um dos camponeses que presenciou o crime, apontando para o cadáver. A mensagem é clara: o foco de “Cinzas e Diamantes” é o indivíduo, não o sistema. Uma mensagem puramente humanista.

Ao assinar o longa-metragem como co-roteirista, Wadja também começou a abandonar, em definitivo, o virtuosismo visual que marcou seus primeiros trabalhos, para se concentrar na narrativa. De modo geral, a fotografia é mais simples, sem abusar das longas tomadas sem cortes que marcaram “Kanal”, por exemplo. É verdade que Wadja e o fotógrafo Jerzy Lipman ainda fazem composições com cuidado, mostrando enquadramentos refinados e exibindo ações acontecendo em segundo plano, à moda de Orson Welles (observe, por exemplo, a cena em que Maciek e sua amada conversam em uma igreja abandonada, com um crucifixo de cabeça para baixo em primeiro plano).

Como nos dois filmes anteriores da trilogia, “Cinzas e Diamantes” também apresenta uma tomada virtuosa de abertura, com a câmera saindo de uma cruz no topo de uma igreja e descendo até mostrar o assassino e um colega descansando sobre um gramado. Dessa vez, porém, a técnica apurada funciona de maneira mais contida, a favor da ação, sem chamar demais a atenção para si. Aqui, a grande estrela são os diálogos, algumas vezes inesquecíveis, que capturam com fidelidade o clima caótico da Polônia do pós-guerra, incluindo o trauma de ter uma de suas principais cidades quase totalmente destruída (“Sem Varsóvia, não é a mesma coisa. É como perder um braço”, reflete um personagem).

 

Elenco: